Projeto faz parte do NFT.Brasil e será desenvolvido por empresa responsável pelo evento, ligada ao skatista Bob Burnquist
A Prefeitura de São Paulo anunciou nesta terça-feira, 30, a criação do MetaversoSP, projeto que vai desenvolver uma versão virtual da cidade e que poderá ser acessada pela população e usuários de diferentes locais. O projeto está em fase de desenvolvimento, mas a previsão é que ele seja lançado no segundo semestre deste ano.
Durante uma coletiva de imprensa sobre o anúncio, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) destacou que a iniciativa faz parte de um projeto de “cidade futurista”, que combina uma “interatividade, engajamento com os serviços da prefeitura”. “A ideia é apresentar o que tem na cidade e as pessoas se interessarem para visitar presencialmente, mas também conhecerem serviços, a cidade, para dar mais pertencimento”.
Em sua visão, o metaverso permite uma “associação da tecnologia com a vida real” e também serve como uma ferramenta de diálogo com os jovens. O foco da iniciativa, destacou, é incentivar um conhecimento maior sobre a cidade. Nunes pontuou que a iniciativa torna São Paulo um “exemplo na adoção de metaverso, mesmo sendo algo novo”.
O desenvolvimento do MetaversoSP será realizado pela empresa organizadora do evento NFT.Brasil, que contará com uma nova edição em 2024. A iniciativa já tinha um metaverso próprio no ano passado, mas atualizou o projeto para incluir aspectos de gamificação como forma de aumentar o engajamento dos usuários e introduzir um aspecto educacional em torno do mundo Web3.
A ideia é que a versão virtual de São Paulo esteja inserida dentro do metaverso geral do evento. Atualmente, já foi criada uma cópia da Catedral da Sé, localizada no Centro de São Paulo. Um dos sócios criadores do evento é o skatista Bob Burnquist, que destacou que a iniciativa da Prefeitura é “pioneira” a nível internacional.
De acordo com Burnquist, o desenvolvimento do MetaversoSP faz parte de uma contrapartida pelo patrocínio do evento pela Prefeitura, no valor total de R$ 5 milhões. Por isso, o projeto tem caráter privado, gerenciado pela empresa do NFT.Brasil, mas após a sua conclusão será entregue à Prefeitura, que então poderá decidir o seu futuro.
“Entende-se a criação desse projeto como um contrato de hardware e cuja gestão pode ser trocada”, explica. O formato escolhido pela Prefeitura para esse desenvolvimento também foi uma resposta aos problemas enfrentados em abril de 2023, quando a administração municipal precisou cancelar os planos de levar a Virada Cultural para o metaverso após ser questionada pelo Tribunal de Contas do Município.
À época, o TCM questionou principalmente o valor planejado de investimento da iniciativa, na casa dos R$ 10 milhões. “É um novo formato por causa dos questionamentos. Entendemos que naquele momento pode ter ido um pouco além, não foi a melhor maneira de executar, então mudamos a forma de construir. O investimento não é no metaverso, é no evento, o metaverso é uma parte, é uma veia comunicativa, é completamente diferente”, diz Burnquist.
Marco Affonseca, outro sócio responsável pelo NFT.Brasil, destaca ainda que, como a iniciativa estará inserida no metaverso mais amplo do evento, ela já estará próxima de outros ambientes virtuais e dos usuários, evitando gastos necessários para atrair o público.
“O ponto da Prefeitura faz parte, está unindo as pessoas. O metaverso precisa comunicar muito para que a pessoa vá para esse lugar, é um esforço de trazer as pessoas e colocar em contato com marcas, mídia, conteúdo e com a Prefeitura. Vamos ter outros canais, não é algo só da Prefeitura, isolado, que demandaria dinheiro também para atrair as pessoas”, explica.
Sobre a questão do questionamento do TCM em 2023, Nunes comentou que houve um “preconceito” em torno da adoção de uma nova tecnologia e defendeu que é preciso “superar alguns preconceitos com questões tecnológicas”, defendendo um “processo de experimentação” necessário para a adoção de tecnologias como o metaverso.
Ele pontuou ainda que a Prefeitura pretende oferecer informações e acesso direto a serviços pelo MetaversoSP, incluindo o sistema 156 e o Descomplica. No caso do 156, alguns serviços também fazem uso da tecnologia blockchain.
Já a segunda edição do NFT.Brasil está prevista para ocorrer no final de agosto deste ano. A expectativa é ampliar o número de visitantes e introduzir discussões sobre temas como inteligência artificial, mantendo as exposições de arte digital. “É um evento que conecta negócios, pessoas, mas ganha um foco principalmente cultural. Conectar negócios com a alma. Teremos um esforço para ter uma navegação cultural, educacional e artística, criando uma ponte para quem não entende aprender sobre”, define Burnquist.