Fernando Bruno Crestani, especialista em planejamento urbano, inovação e desenvolvimento imobiliário sustentável, observa que o conceito das “cidades de 15 minutos” vem ganhando destaque no debate sobre o futuro das grandes metrópoles. A proposta, que visa aproximar moradia, trabalho, lazer, educação e serviços básicos em um raio acessível a pé ou de bicicleta, está transformando a lógica de valorização imobiliária nas regiões urbanas. Com impacto direto na qualidade de vida, esse modelo já influencia o comportamento de consumidores, incorporadoras e gestores públicos.
O que são as cidades de 15 minutos?
O conceito foi popularizado pelo urbanista francês Carlos Moreno e ganhou força durante a pandemia de COVID-19, quando a mobilidade urbana foi colocada em xeque. A ideia é simples: as pessoas devem conseguir atender às principais necessidades do cotidiano em até 15 minutos de deslocamento não motorizado, promovendo bem-estar, economia de tempo e menor emissão de carbono.
De acordo com Fernando Bruno Crestani, essa tendência representa um novo olhar sobre o território urbano, que privilegia a descentralização dos serviços e a densificação inteligente de bairros. Com isso, os empreendimentos imobiliários localizados em zonas com maior oferta de recursos próximos tendem a apresentar maior demanda e valorização acelerada.
Impacto direto no mercado imobiliário
O modelo de cidade compacta está alterando os critérios tradicionais de escolha de imóveis. Se antes a localização próxima ao centro era o principal diferencial, hoje o foco se desloca para bairros que ofereçam infraestrutura completa em um curto raio de deslocamento.
Segundo aponta Fernando Bruno Crestani, imóveis situados em regiões autossuficientes — com supermercados, escolas, academias, praças, coworkings e centros de saúde próximos — passaram a ser mais valorizados que empreendimentos em zonas isoladas, mesmo que centrais. A conveniência se tornou um ativo imobiliário relevante.
Como incorporadoras estão se adaptando a essa tendência?
Incorporadoras mais antenadas já começaram a desenvolver projetos integrados ao tecido urbano local, privilegiando terrenos bem conectados à malha de serviços e investindo em infraestrutura complementar dentro dos próprios empreendimentos. Entre as estratégias mais comuns estão:
- Integração de áreas comerciais nos térreos dos prédios;
- Criação de espaços de uso misto (residencial, comercial e de lazer);
- Parcerias com negócios locais e prestadores de serviço;
- Implantação de bicicletários, hortas urbanas e coworkings nos condomínios.

Fernando Bruno Crestani destaca que essa abordagem favorece não apenas a venda mais rápida das unidades, mas também uma imagem positiva da marca junto a um público cada vez mais exigente em relação à mobilidade e ao estilo de vida.
Valorização imobiliária baseada na proximidade e na funcionalidade
Com a consolidação das cidades de 15 minutos, o valor de um imóvel não será mais determinado apenas pela metragem ou acabamento, mas também pela qualidade e variedade dos recursos urbanos ao redor. Proximidade de serviços essenciais, facilidade de deslocamento a pé e segurança no entorno passam a influenciar diretamente o preço por metro quadrado.
Conforme indica Fernando Bruno Crestani, esse novo padrão de avaliação também incentiva o investimento público e privado em infraestrutura de bairro, como ciclovias, iluminação, acessibilidade e áreas verdes. A consequência é uma valorização territorial mais equilibrada e sustentável.
O papel do planejamento urbano na consolidação desse modelo
Para que as cidades de 15 minutos deixem de ser apenas um ideal e se tornem realidade, é necessário que o planejamento urbano acompanhe essa visão. Isso envolve revisão de zoneamentos, incentivo à densificação controlada, investimentos em mobilidade ativa e políticas de incentivo à moradia em áreas centrais e intermediárias.
Fernando Bruno Crestani reforça que o diálogo entre setor público e setor privado é fundamental para que essa transição ocorra de forma estruturada. A cidade do futuro será aquela que conseguir criar bairros completos, funcionais e humanos — e o setor imobiliário tem um papel essencial nesse processo.
Viver perto de tudo é o novo luxo urbano
O conceito das cidades de 15 minutos reflete uma mudança de mentalidade sobre o que significa qualidade de vida nas grandes cidades. A proximidade de tudo o que é essencial passou a ser um diferencial competitivo e um fator decisivo de valorização imobiliária.
Na visão de Fernando Bruno Crestani, os empreendimentos que se anteciparem a essa lógica urbana tendem a conquistar um público mais conectado, consciente e exigente. Ao integrar esse modelo ao planejamento dos projetos, o setor imobiliário não apenas responde a uma tendência, mas participa ativamente da construção de cidades mais justas, práticas e sustentáveis.
Autor: Fred Kurtz